sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Inveja

Uns com sucesso, outros nem tanto.
Uns com carreiras de sonho e realização pessoal, outros nem tanto.
Uns com objectivos de vida atingidos, outros nem tanto.
Uns com muito dinheiro, outros nem tanto.
Uns de férias nas Caraíbas, outros nem tanto.
Uns com carros novos, outros nem tanto.
Uns com casas com piscina, outros nem tanto.

São estes os motores da inveja. Estes e muitos outros e não adianta dizer ou querer acreditar que nunca se sentiu o "bixinho" da inveja, porque somos muitas vezes infectados por ele e apanhados desprevenidos. Obviamente que muitos de nós sofrem da inveja positiva. Ou seja, ficamos contentes com o sucesso dos outros e ficamos a desejar e a ambicionar o mesmo para nós. Outros tantos, sofrem da inveja negativa que se reflecte no dizer mal por dizer, no ser maldoso por ser, sem qualquer motivo aparente, se não a inveja do que o outro conseguiu/tem ou pode. Este é o tipo de inveja dilacerante e verdadeiramente doentia.

Um estudo levado a cabo pela Sociedade de Psicologia Social e de Personalidade nos Estados Unidos concluiu que as pessoas com uma menor auto-estima correm o risco de entrar em depressão se tiverem mais de 354 amigos no Facebook. Porquê? É simples. Nos dias de hoje vive-se muito de aparências e publicita-se, por norma, o melhor, aquilo que nos deixa felizes. Ora, os que vão vendo estas novidades e não andam propriamente "aos pulinhos" são mordidos pelo tal "bixinho" num crescente de descontentamento.

Pegando num exemplo prático. Nesta altura de férias é comum ver os nossos amigos a criarem álbuns com cenários verdadeiramente paradisíacos e a darem-nos, por imagens, a conhecer onde estiveram, o que fizeram e como se divertiram. Muito pouca gente coloca coisas negativas e demonstra uma atitude depressiva no seu perfil. Ninguém diz que está a ultrapassar uma crise conjugal; ninguém diz que o pai bate na mãe; ninguém diz que o tio é alcoólico; ninguém diz que o avô está gravemente doente; ninguém diz que está em risco de ser despedido. Ninguém? Há quem diga, mas é certamente uma minoria (temos nos nossos contactos do Facebook, não só amigos próximos, mas também conhecidos, vizinhos, colegas de trabalho, ex-colegas de escola e publicitar algo tão intimo e doloroso pode ser desconfortável). Mas isto não significa que também não tenhamos problemas, simplesmente não os damos a conhecer.

Desta forma, alguém com uma baixa auto-estima ou a passar um momento mais complicado na vida pode ficar afectado com o "bem" dos outros e descer mais fundo no seu descontentamento e depressão. Pode questionar o motivo pelo qual tem tantos problemas enquanto os outros vivem felizes e contentes. Reconhecer que se tem inveja é meio caminho andado para reverter a situação e transformar isso em algo bom. E não falo da inveja num sentido místico de "mau olhado", falo da inveja no sentido de uma pessoa se sentir descontente com a sua vida comparativamente à de outrem e entrar num circulo descendente de descontentamento. É preciso reconhecer que esta palavra - INVEJA - é sempre empregue de uma forma demasiado pejorativa (inveja negativa) que a meu ver é apenas e só uma das suas facetas. Neste caso, o indivíduo deprimido, só fica a maldizer-se a si mesmo e à sua vida.

Porque é importante aproveitarmos o nosso tempo por cá e porque é bom povoar a nossa mente maioritariamente com sentimentos positivos é importante reflectir:

  1. Temos uma vida assim tão infeliz? Não estamos a exagerar e se pensarmos um bocadinho até vivemos bastante bem e temos mais razões para acordar bem dispostos que o contrário?
  2. Não há vidas perfeitas. Todos nós somos diariamente confrontados com coisas boas e coisas más e é a forma como lidamos com isso que nos leva a sermos mais ou menos felizes.
  3. As aparências iludem. Para quê tanto deslumbramento com o que os outros vivem ou fazem? 
  4. A cobiça nunca trará felicidade. É bom sermos ambiciosos, termos objectivos e lutarmos por eles. Pensar: "Um dia também vou ter isto" não tem nada de mal e vai funcionar como um motor para trabalharmos e dedicarmo-nos a obter/atingir o que queremos.
  5. O prazer não tem de ser imediato. É bom "namorar" algo, planear, esperar por algo, ansiar por algo e depois, quando finalmente o tivermos, gozarmos o sabor da realização, do objectivo cumprido e da felicidade adjacente.
  6. Quem tudo tem de uma forma imediata, por vezes perde-se numa vida sem objectivos.
  7. Os objectivos motivam-nos, alimentam-nos e fazem valer cada dia.
  8. Sonhar é bom, sonhe, faça acontecer porque no final, o importante é olharmos para trás e sentirmos que fomos felizes!!!!!
A inveja existe e sempre existirá, mas vamos transformá-la em algo bom e não mau. Vamos transformá-la em desejo, ambição e motivação... e.... um dia, certamente, chegaremos onde queremos, pautando a vida pelo bem e não pelo mal. 

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